segunda-feira, 18 de julho de 2016

Lobo Solitário


Há um mundo lá fora
De egos odiosos, que se servem
Uns dos outros sem demora.
Cá dentro há um lobo
Que vagueia no deserto
Fugindo à agreste hora
De viver nesse mundo incerto,
E na sábia solidão
Encontra-se liberto
Do mal, da amargura,
Da tristeza em vão,
Da ignorância que é censura
À genial minoria,
De com o tempo ter a desilusão
De ver morrer um sonho que floria.
E capta nesta vivência impura
O bom e o mal de só estar,
Só quem se prende, vive em clausura,
E se o sofrer é desejar,
Não deseje ter dos outros mais que a amargura
Pois se a noite é escura
O Lobo uiva ao luar.

Acordo na manhã mais que certa
E não desejo ter
O que não me posso dar,
Quis mudar a minha essência,
Hoje não a quero perder.
Em frente segue o deserto com urgência,
Há que seguir esse caminho lendário,
E assim me vou,
Levando a cruz e o calvário
E esta certeza de que sou
E serei sempre o Lobo Solitário.




O "Lobo Solitário" é um dos remates finais do conjunto de poemas correspondentes à fase Psicadélica. Achei peculiar neste poema a sensação de um pensamento depressivo e sombrio que passa ao leitor, quando a mensagem escondida desbrava novas interpretações de coragem e felicidade e uma forma de vencer neste mundo em que vivemos. 
Este poema apresenta a tese filosófica da solidão como forma de conquista da independência emocional, com influências do pensamento budista. Deste modo para cessar o sofrimento, anula-se qualquer tipo de desejo que necessito de outras pessoas para além do sujeito poético. Ao anular esse desejo, anula-se a desilusão e o sofrimento de não termos algo que queremos.

Esta cruz que carrego, este calvário, podem ser interpretados como uma manifestação de tristeza e sofrimento, mas são parte integrante da minha pessoa. E hoje não quero perder essa essência. As pessoas vivem a sua vida como querem, eu Sou o Lobo Solitário e chegarei ao fim do Deserto 

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